Ah, o ciúme... Cedo ou tarde ele tenta dar as cartas entre os amantes. Para se manifestar nem precisa de sentido, razão ou motivo, apenas se mostra e espera o estrago.
Entre Marcélio e Aradine, depois de cinco anos de casamento feliz, ele mostrou as garras.
- Ou o Zelão ou eu!
- Que é isso, meu bem? Diz que é brincadeira.
- Brincadeira nada. Tô falando sério.
Casal bonito, felicidade estampada em cada gesto a ponto de causar inveja entre os amigos e desconhecidos. Quem tinha seus relacionamentos mal parados ou os que estavam sozinhos, no caritó, criavam maledicências e fofocas com a facilidade com que limo nasce em pedras de beira rio. Para o casal perfeito era bobagem, sua felicidade é que importava. Profissionais bem sucedidos, casa própria, carro do ano... As coisinhas práticas do dia-a-dia não atrapalhavam. O ciúme tinha que surgir e surgiu para ameaçar a perfeição.
- Mas, Marcinho, ele sempre esteve no meio de nós e nunca houve problema.
- No meio de nós uma pinóia. Ele esteve esse tempo todo no seu meio.
- Não seja grosso!
- Ah, eu que sou grosso. Pensei que estivesse feliz com a grossura dele.
- Que decepção. Estou casada há cinco anos com um troglodita e não sabia.
- Desculpa, amor, mas é que não estou agüentando mais essa situação. Você só fala nele, só quer saber dele, só sente falta dele, faz propaganda dele pras suas amigas... Não tá sendo fácil sustentar a fleuma assim.
- Você parou pra pensar no que está falando? Isso não faz sentido.
- Vai negar que é assim? Sinto sua falta, aí lhe telefono e qual a primeira coisa que pergunta? “Como ele está?” É ou não é?
- É?
- É. Chego em casa morrendo de vontade de você e o que é que tenho que suportar? Primeiro dá um beijo nele e só depois fala direito comigo.
-...- olhos arregalados de surpresa.
- No cinema eu lhe abraço, cheio de carinho, lhe puxo pra ficarmos juntinhos e você lá, fazendo cafuné nele.
- Mas...
- Mas, nada! Não acabei. Diz que vai comprar roupas pra mim, mas só se preocupa com o conforto dele, se a calça dele é confortável.
- Ma...
- Ainda tem mais, mocinha. Ontem, quando cheguei ao restaurante onde ficamos de nos encontrar, flagrei direitinho os olhares que você dava pra ele.
- Amor...
- Nem vem, nem vem. Não tá dando pra segurar. Até festinha de aniversário pra ele você faz, toda de lingerie de enfermeira, salto dez, brinquedinhos eróticos... Chega! Ou ele ou eu!
- Amor, é a você que eu amo. Como que eu vou te amar e separar vocês dois? O Zelão é a melhor parte de ti e eu o adoro..
segunda-feira, 19 de janeiro de 2009
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