- Onde foi isso?
- Não lembra?
- Não.
- Amor! Foi naquela excursão à serra gaúcha!
- Ah... Quando foi isso?
- Não acredito! Tá tirando com minha cara?
- Que é isso, meu bem? Eu não lembro, só isso.
- Nosso primeiro ano de casamento, Astrogildo. Como pode esquecer isso?
- Se estamos no sétimo, é lógico que tivemos o primeiro, mas também tivemos mais seis. E foram muito bons, não foram?
- Vai me dizer que não se lembra disso também...
- Ora, amor...
- Lembra onde comemoramos o segundo?
- Fortaleza?
- Fortaleza? Esse foi o quarto!
- Chapada Diamantina.
- Nunca fomos à Chapada Diamantina! Tá louco?
- Ih! Então, não lembro.
- Manaus, Astrogildo! Manaus!
- Ah, foi...
- Vai dizer que não lembra...
- Lembro de um calor de sauna e muita água.
- E fomos com quem?
- Com o Clodoaldo?
- Clodoaldo? Que mané Clodoaldo?
- Ah, é! Não te apresentei o Clodoaldo.
- Quem é Clodoaldo?
- Quem é Clodoaldo?
- Sei lá! Você que falou nesse tal Clodoaldo.
- Quem é Clodoaldo?
- Você tá bêbado, Astrogildo? Quem é Clodoaldo?
- Sabedeus. Não conheço nenhum Clodoaldo, Suméria.
- E como é que você perguntou se fomos a Manaus com o Clodoaldo?
- Chutei, ué.
- Eu tô casada há sete anos com um maluco e não sabia.
- Com quem fomos a Manaus em nosso terceiro aniversário?
- Segundo!
- Segundo? Quem é segundo?
- Segundo aniversário, desgraçado!
- O que tem o segundo aniversário?
- Nós fomos a Manaus com o Clécio e a Vilda em nosso segundo aniversário de casamento, seu beócio.
- Ah, foi!
- “Ah, foi!”, “ah!, foi”... Você não lembra, confessa.
- Não lembro mesmo.
- Como é que você não lembra coisas tão importantes que nos aconteceram, seu maldito?
- Porque eu penso nos muitos anos que ainda vamos viver felizes. Porque vejo nosso amor em perspectiva e não em retrospectiva.
gostei do final,arrasa!!!
ResponderExcluirVi agradecer sua vizita e adorei seu cantinho!
ResponderExcluirUm bjo enorme tenha uma linda semana!!
Ei Marcos! Comecei gostando muito do diálogo, mas depois fui achando que você esticou demais, achei sem sentido os ruídos dos dois, sem o apelo necessário. Mas valeu o final, a última linha, que contém um ensinamento importante pra casais em geral (apesar de destoar um pouco do clima de humor e saltar para uma frase de efeito de livro de sabedoria).
ResponderExcluirachei que ele se saiu muito bem no final e fez ela pensar em planejar os próximos passeios, pra ser inesquecível, sabe...
ResponderExcluirachei divertido e atual. ao contrário dele meu marido tem boa memória eu é que me perco com datas. mas o mais importante é estar juntos e felizes hoje e não (só) no passado. Rose
Pois eu adoro essa frase última. Como sempre, sua literatura é leve e marcada por trechos poéticos. Vc sabe contar histórias com graça e sempre demonstra nelas sua capacidade de olhar (no sentido pleno) para os outros. Vc é um gende observador de pessoas e da vida. Tem estilo. Grande estilo.
ResponderExcluirParabéns, Marcos. quanto mais eu leio, mais eu gosto. De verdade.
Muito bacana, cheio de humor e criatividade, tem muitos casais que se encaixam perfeitamente hein! a depender dos olhos de quêm lê, é uma grande reflexão sobre a forma de vida, em como escolhemos fazer nossas marcas nesse mundo ás vezes tão especial para uns e insignificante para outros.
ResponderExcluirParabéns pelo texto.
abraços
Marcos.
ResponderExcluirExcelente e divertido conto.
Tá se vendo que muitas mulheres implicam e complicam. Com todo futuro pela frente
ficar lembrando o passado é um retrocesso.
bjs
Doroni